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domingo, 28 de março de 2021

NÃO TEM A FOTOGRAFIA

 

Por que só posso imaginar

E não ver a fotografia

Das tuas pernas roliças

De que tanto te elogias?

 

Já te pedi e não queres me dar

A imagem que tanto quero ver

Do teu corpo lindo

Prenhe de prazer

 

Onde teus olhos negros?

Onde teus cabelos loiros?

A malícia do sorriso?

E a boca de batom?

 

Onde?

Se me negas o essencial

Da imagem do teu ser

Não posso te amar

Nem no dia do teu querer!

 

Ainda que me queiras

Ainda que eu te queira

Como podemos ter o amor

É imoral? É pudor?

 

Vivemos da fantasia

Do que não é permitido

Daquilo que o mestre Raul dizia

Ser a maçã, proibida!

 

Quem proíbe a maçã de se comida?

É o pudor, ou é a crença religiosa?

O senso moral. Que moral?

Qual é mesmo o mal?

 

O compromisso do dia da escolha

Tinha escolha? Racionalismo!

Eu me comprometo a ser fiel...

Não era a natureza. Era a razão!

 

Que razão tem a razão?

Onde está o amor?

Não quero mais o compromisso

Tenho razões para não querer

 

Já me basta a idolatria dos santos

Já me bastam os dogmas de Roma

Sou livre para viver.

Amanhã há de ser um novo dia.

Vou te amar até o amanhecer!

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