Sai
da murmúria do tempo, o próprio tempo de que se murmura. Tem uma felicidade
chegando no horizonte às seis da manhã e traz o raiar do sol num colorido quase
indescritível de tantas cores que precedem o dia cheio de oportunidades e
possibilidades que até me atrapalho. É balbúrdia nos meus pensamentos e por uns
instantes fico a admirar tanta beleza disponível justamente para mim, pobre
coitado despido de capacidade para interpreta-la. Me sinto seduzido, por pouco
que o horizonte não me abduzia, não fosse a louça suja em cima da pia a
despertar a indignação da minha mulher que acaba de entrar na cozinha sem
entender porque eu ainda não pusera o leite para ferver e o café no coador.
Ainda
ouço as vozes, mas não decifro seu significado. São vozes do tempo que se fez e
desfez. O café da manhã estava com jeito de felicidade, farto na mesa,
esbanjando sabor no prato e aroma na xícara. O pão caseiro falando aos sentidos
sobre relacionamento de um dia inteiro desde o preparo do fermento natural até
sair quentinho do forno. O melado traz histórias que remontam ao ano passado
quando a cana foi plantada até a semana passada quando foi feito no tacho. A
nata é do leite que fui buscar no curral do fornecedor acompanhado de pelo
menos meia hora de sonhos de uma vida melhor que vem com o aumento na produção.
Essa felicidade me invadia por osmose quando de repente sofro um solavanco nas
ideias: ‘Está ouvindo? Depois reclama que eu falo muito, mas você fica aí
calado! ’ É uma voz conhecida, mas totalmente estranha aos momentos de
felicidade.
Quando
dou por mim, o sol está a pino e as garças-boieiras dançam livremente junto aos
bois no pasto. Não foi preciso pensar para me escorar no cabo da enxada, num
repente minha mente ficou livre, livremente. Os tucanos que logo de manhã
pulavam nas árvores exibindo seu enorme bico colorido, agora voam pelos
pensamentos caçando insetos e se alimentando de frutas, a fruta proibida da
árvore do conhecimento do bem e do mal!
Larguei
a enxada e fui pescar. Não foi necessário dar palavra porque a natureza ocupou
todos os segundos para mostrar o tanto de felicidade disponível. O lago formado
nas nascentes liberou água em cascata entre as pedras com uma música plenamente
compreendida pelos sentidos. Seguindo a correnteza fui parar à beira do lago.
Ah, o lago! Espelho da natureza refletindo a graça divina. O céu ao meu alcance
na lâmina d’água! Joguei o anzol e pesquei uma patinga no meio de uma belíssima
nuvem de algodão.
O
entardecer descortina no horizonte o privilegio da beleza, trazendo após si um
mar de estrelas e a lua nova. Lua nova... vida nova... nova....nova....
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Que foi, homem, acorda. A vida é dura!
Elairton
Paulo Gehlen
Poesia, reflexiva,eu acordo cedo,preparo o café, tomo uma xícara,para despertar ,após coloco o leite de caixinha para esquentar,o pão já está na mesa,feito pela máquina da Britânia, começo planejar o meu dia ,arrumo a mochila, com a garrafa de leite e café,a pet de água, e um pote de bolacha maizena,pego a moto,dou a partida, mas antes, de pegar a estrada, agradeço a deus,
ResponderExcluira sua poesia me inspira,na madrugada do meu ser, no dia que esta chegando, nas tarefas a fazer, no corre corre, no dia que nasce, e a felicidade não veio,e o sorriso feito,a vontade de vencer,
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