Meia noite. O que pode ser da vida
nesta hora? Se eu tivesse uma resposta eu escreveria um belo texto, porque eu
estou mesmo precisando de um motivo para escrever algo, nem que seja sobre o
que aconteceu antes da meia note.
Muitas coisas acontecem à meia noite!
Agora me lembro do filme: Meia noite em Paris.
Filme maravilhoso! Cria uma ilusão de que se pode ser transportado para uma era
anterior e viver acontecimentos que marcaram ou influenciaram os tempos atuais
de um personagem. De certa forma estou vivendo algumas cenas do filme e, de novo,
certamente daria para fazer um filme com o que tenho vivido nesta meia noite em
Dourados.
Eu não tive um encontro com Ernest Hemingway,
apesar de que eu gostaria de encontra-lo, nem tive o prazer da companhia de
artistas como Picasso que eu acho um gênio, mas de certa forma voltei ao tempo
em que se podia expressar com alguma liberdade a arte e a literatura. Talvez em
tenha tomado um Uber e ele me deixou numa casa noturna e lá estava Emilinha Borba
cantando Chiquita Bacana, e ela
estava vestida apenas com uma casca de banana. Com toda razão Chiquita Bacana
vivia conforme suas próprias convicções. Ela buscava a felicidade genuína! Mario
de Andrade bateu no meu ombro e disse: Antropofagia!
E o quadro da Tarsila do Amaral
surgiu à minha frente, era a cortina que se fechava sobre Emilinha Borba, e
todos aplaudiam freneticamente como se a casca de banana tivesse caído. Era o
quadro da Tarsila: Pés grandes e cabeça pequena. Muito trabalho e pouca
capacidade de pensar. O auditório não pensava, só aplaudia.
Emilinha rebolou, deu beijinhos e foi
embora, foi ser artista nos Estados Unidos, os financiadores dos bananais! Antes
que o dia amanhecesse, voltei, meu amor me esperava dormindo a mil quilômetros.
Mais um dia em Paris, ou em Dourados.
Há de ter outra meia note!
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