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segunda-feira, 10 de junho de 2024

ESPERANDO O DIA DOS NAMORADOS

 




 

Estava eu andando pela vida, cabisbaixo, meio soturno, borocoxô, quando, de repente, não mais que de repente, eis que estava namorando. Que felicidades! A cabeça ergueu-se, os olhos brilharam e o dia dos namorados passou a ter uma certa importância emocional. E não era o dia 12 de junho, era algum dia entre janeiro e abril. Por mais que seja uma data que acontece assim, meio repentinamente, ela pode acontecer num momento qualquer enquanto o nada vai se transformando em vida, enquanto o fogo se acende em meio as geleiras do coração, enquanto a lua emite seus raios refletidos do sol e clareia os sentimentos e aquece a alma. Enquanto o amor, que nasce platônico, rompe as correntes da amargura e abraça forte o desejo irresistível de um abraço de mil quilômetros de distância. Vai se fazendo o amor. E este é o dia, o dia dos namorados!

Dia dos namorados, agora eu tinha um. Ainda que incerto, era certo que namorava, e precisava de presente, de presença, essa força misteriosa que atrai desde uma distância muito longa para aquecer dias de praia em Bombinhas, no Sul do Brasil, em pleno inverno, dois corações fragilizados pelo amor. É assim o amor, não tem nenhuma lógica e é lindo! Lindo de morrer, como morre às vezes o amor em meio à sua própria beleza.

E o amor morreu! Está morto e agora me vem esse dia de celebrar o amor, o dia dos namorados. Pensei em fazer campanha de oração, dessas poderosas, que curam paralíticos, para ver se o amor se levanta e vem ao meu encontro com júbilos de alegria. Pensei na cartomante, uma carta, se for boa, bem feita, convincente, pode trazer o amor de volta. Pensei numa curandeira, benzedeira, mágico. Pensei na Fênix, se o amor morreu, talvez tenha sido cremado e virou cinzas. Fênix renasceu das cinzas.

Pensei em mandar um presente. Uma caixa de bombom, perfume, uma caneca personalizada com uma poesia que fizemos juntos, um porta-retratos, uma garrafa de champanhe para lembrar nosso primeiro encontro. Pensei em tudo, até em fazer uma serenata e cantar: Stand by me! Dizem que quem canta reza duas vezes!

Rezei, orei, fiz promessa de me cuidar, cuidar de mim mesmo. Descobri que posso me namorar. Sou bastante compreensivo e tolerante comigo mesmo e até já perdoei todas minhas falhas do passado. Me perdoei até por ter amado mais aos outros do que a mim mesmo. Agora sei que me amo, e quero me namorar a cada dia porque eu sou o melhor que eu tenho para mim.

Não tenho mais saudades do dia dos namorados, porque quem ama o dia dos namorados é o dono da loja. O comerciante é o dono do amor, e ele o vende pelo valor de uns poucos dígitos até alguns milhares de reais. O comerciante se deleita com o amor, e o presente que se compra para dar nem sempre é o que ela ou ele queria. O que ela, ou ele, queria, era só o teu amor. Stand by me!

Um comentário:

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