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quinta-feira, 15 de abril de 2021

CADA UM TEM O SEU SEGREDO

Me sento à mesa deste computador para escrever e não entendo como as palavras, tão disponíveis em outros tempos, de repente se escondem como se tivessem medo de uma contaminação qualquer desse vírus que anda fazendo as pessoas se trancarem em casa, para não serem visitadas mesmo depois da segunda dose da vacina. Dei de procurar na literatura para ver se encontrava caso parecido, se não, talvez tenha chegado o fim das minhas escritas! Não demorou e encontrei um Vinicius, penoso numa crônica de desabafo com a dificuldade da escrita, eventualmente presente na hora de mandar o texto para o jornal, isso lá pela década de 1960!

É certo que meu álibi vem das ruas. Além dos supermercados que se enchem nos sábados à tarde e as lojas que se esvaziam de segunda a sexta, só as igrejas, que agora são virtuais, têm público cativo, sem contar o Bolsonaro que, por mais que faça loucuras, tem um bando de seguidores insanos e fidelíssimos, para a vida ou para a morte! As ruas estão cheias de robôs programados para continuar produzindo e quando se transformam em pessoas ficam em isolamento dentro de suas casas, quando morrem adquire-se outro na linha de montagem.

Às vezes falta matéria-prima. Isso não depende da pandemia, a não ser que o industrial seja escritor e os textos precisem de relacionamentos. Aí só tem um jeito: seguir o exemplo das igrejas, fazer cultos, quer dizer, relacionamentos virtuais! Quem nunca teve um? Essa seara, ao contrário do texto bíblico, tem muitos operários. Ali se cultivam todos os tipos de loucuras. Andei experimentando, afinal, de onde vem uma boa história?

Histórias, em tempos de pandemia, preferencialmente via internet, que só tem vírus eletrônicos, desses que destroem o Hard Disk, mais conhecido como HD, podem eventualmente infectar relacionamentos tidos por absolutamente fieis. Uns chamam a isso de loucuras de amor, outros uma aventura sem maiores consequências, os padres e os pastores juram que isso é pecado, mas os poetas, contemplando o infinito criado por Deus, sabem por sabedoria do sentimento, que o amor, ah, o amor! pode ter lá as suas licenças e permissões, inda que se tenha que morrer de amor!

 Se déssemos atenção à República, de Platão, não teríamos necessidade de guardar segredos. Para o filósofo, tudo deveria ser comum, inclusive os homens, as mulheres e os filhos. Nada de propriedade particular! Pronto. Um grave problema moral estaria resolvido. Mas, não! Enquanto o moralismo sustenta a ganância de uma sociedade hipócrita, os segredos pululam pelas redes sociais. Quem ainda não tem um segredo, que atire a primeira pedra!

Um comentário:

ESQUERDOPATA!

  Ontem eu estava fazendo minha caminhada vespertina pela praça do Parque Alvorada e ouvi uns amigos que caminhavam e conversavam animadamen...