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quinta-feira, 22 de agosto de 2019

(Do livro Histórias de Ana Mara e seu Avô, Capítulo 3) DESPEDIDA


Eram quatro horas da tarde quando Nanci levantou-se da cadeira dizendo que estava na hora de ir para casa. Chegara às nove horas da manhã na casa dos sogros somente para deixar a filha que veio passar as férias na casa dos avós e ficou só mais um pouquinho porque a sogra pediu.
Às dez da manhã disse ia para casa porque o marido ia chegar para o almoço e ela ainda não tinha preparado nada e tinha uma rodovia pela frente, ou para trás, já que viera de lá e agora ia gastar pelo menos uns cinquenta minutos no caminho de volta.
Ficou mais alguns minutos porque a sogra disse que ia passar uma receita na televisão que ela estava esperando fazia bem uns dois dias.
- Vi a propaganda – ela falou – você precisa ficar mais um pouquinho.
Às onze da manhã terminou de passar a receita e a sogra disse que ela deveria ficar para ajudar no almoço.
- Você viu que fácil! – Exclamou Nanci. – Vou para casa preparar para o almoço!
- Fica – disse a sogra – vamos fazer juntas, aí você chama o João e a gente almoça todo mundo junto.
João é o marido de Nanci.
Fizeram a receita que às onze e meia foi ao forno alto por trinta minutos.
Quinze minutos depois de colocar a forma no forno o celular chamou, era João dizendo que não ia almoçar em casa, tinha um compromisso com o pessoal da empresa onde trabalhava e só voltaria mais tarde. Com a notícia, Nanci ficou despreocupada e chamou a sogra para irem ao pomar colher algumas frutas da época.
Andaram pelo pomar cada uma com uma faca na mão. Primeiro chuparam laranja, depois uns poncãs, daí viram umas canas caiana e resolveram colher e se sentar perto do curral para chupar. Chuparam cana e falaram muito mal da vizinha que é uma fofoqueira. Decerto a orelha do vizinho estava pegando fogo porque ele também entrou na conversa por mais de meia hora. Não só ele, mas também as três amantes que ele tem. E se não tinha, agora tem. Tem porque tem! Tem gente que não tem vergonha da cara!
Lá pela uma da tarde chegaram os boiadeiros Ana Maria e o vô Júlio com as vacas e os bezerros. Quando viram eles chegando de longe, a sogra lembrou da comida no forno e gritou: Jesus Amado! A essa hora o forno já pegou fogo!
Correram para a cozinha, tiraram os restos queimados do forno para jogar bem longe e recomeçaram o almoço, agora com receitas conhecidas feitas na panela na boca do fogão sob os olhos vigilantes de duas atentas mulheres prendadas.
Das duas até às três da tarde foi a hora do sono e não dava para sair sem tomar um chimarrão até às quatro. Pronto, agora estava na hora de ir. Nanci já estava em pé decidida.
A sogra ofereceu mais um chimarrão que foi prontamente aceito. Enquanto tomava o chimarrão, a sogra disse que ia preparar algo para ela levar para a janta.
- Não é justo que o João fique sem experimentar essa comida deliciosa que fizemos para o almoço.
Nanci foi também para a cozinha. Na marmita entrou o arroz à grega, a mandioca bem cozidinha, o macarrão ao alho e óleo e um generoso pedaço de carne de porco frito.
- Pronto. Cadê a Aninha para eu me despedir? – Disse Nanci procurando pela filha.
- Ué - disse a sogra – estavam ali agora mesmo!
- Aninha – chamou a mãe.
Nada, Aninha já tinha ido com o vô para longe da casa. Não dava para ir sem se despedir da filha, então ficou mais um pouquinho.
- Quem sabe voltam logo.
Às seis da tarde, já escurecendo o dia, chegaram Aninha e o vô arrastando as varas de pescar e um balde com peixes que pegaram no lago.
-Aninha do céu – disse a mãe – estou esperando você para me despedir. Já está ficando de noite.
- Espera um pouco mãe que nós vamos limpar os peixes. Eu quero que você leve pelo menos um desses que eu pesquei para o papai.
Limparam os peixes e quase seis e mia da noite Nanci pegou as chaves do carro para sair. Aninha parou em sua frente e dedo em riste falou:
- Vai levar os peixes cru, é? O pai não vai gostar.
- Mas filha...
- Mas filha digo eu – Seu Júlio entrou na conversa – ficou até agora fica mais um pouco, vamos fritar os peixes.
- Às sete da noite estavam jantando e às oito da noite, depois de se explicar longamente no celular, Nanci entrou no carro meio chateada com a bronca do marido que não entendia como ela tinha ficado tanto tempo sem voltar para casa.
- Não saiu de manhã só para deixar a Aninha e voltar?

Elairton Paulo Gehlen

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