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domingo, 14 de dezembro de 2025

NA ESTRADA – DE KOMBI

 



Estou viajando de Kombi, viajando na vida, à procura de um ser estranho chamado: Mim Mesmo! A viagem está apenas começando e eu já sou diferente; atravessei quase um estado, passei por diversos estados emocionais; não sabia que o Rio Grande do Sul tinha as belezas que têm, e olha que eu só vi um pouquinho. Dentro de mim têm tantas vidas que nem sei encontrar o significado de cada uma. Também não sei onde estão as ‘cada uma’ das vidas que tenho dentro de mim.


Dois dias passei na Praia do Cassino, a maior praia do mundo; tão grande quanto fria. Foram os primeiros dois dias de solidão na Kombi; o frio dentro de mim parecia tão grande quanto a praia: 240 quilômetros! Não me arrisquei entrar nas águas geladas do mar, achei melhor não me afogar em pensamentos frios e quase estranhos, ainda que à vista das emoções. A Praia do Cassino tem uma história interessantíssima, foi o primeiro balneário em mar aberto do Brasil, tem um navio argentino afundado que virou atração turística e um hotel abandonado nas areias da praia. Eu tenho uma história, interessantíssima? Costumava ser o último em quase tudo e andei afundado em tristeza e acanhamento por uma vida inteira, meu hotel costumava estar abandonado.


A segunda viagem da Kombi foi para ver cachoeiras. São lindas as quedas d’água por sobre as rochas duríssimas e persistentes, lá embaixo formam um poço profundo onde se pode nadar e apreciar a água que lava o corpo e a alma. Parece que a alma desce junto com a água da cachoeira; água geladíssima e que se espalha por vários caminhos até chegar no remanso e daí seguir por entre as pedras, do mesmo jeitinho que a vida. Eu me vi ali naquela queda livre, o choque contra as durezas da vida, o remanso e milhares de pedras. Mas tinha uma beleza! A alma tem um atrativo, mesmo nas quedas ou entre as pedras, mas é no remanso que as pessoas se acomodam, basta outra pedreira e, pronto! Só restam os olhares e os comentários, no máximo umas pisadas.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

HISTÓRIAS

 



Tenho muitas histórias para contar. Quem não as tem? Mas como contar as histórias sem parecer que sejam inventadas só para ganhar likes nas redes sociais? Não que as curtidas não sejam importantes, mas escrever para agradar leitores que não se importam em pensar é mais fácil e totalmente inútil para a cultura. Histórias precisam de um conteúdo que transforme a vida de quem as lê. E hoje eu tenho uma, que está transformando a minha vida: Comprei uma Kombi home!

Neste exato momento estou de frente com a maior praia do mundo: A Praia do Cassino, em Rio Grande, RS. É uma praia diferente, com certeza. Além da ‘grandeza’, possui mais de duzentos quilômetros de extensão, tem um diferencial importante da maioria das praias, aliás dois: A faixa de aria é enorme e é permitido, e até incentivado a entrada de veículos na faixa de aria até na beira do mar; é, também uma das praias mais frias do Brasil. A água do mar é fria a maior parte do ano, mas, mesmo no verão tem uma corrente de ar gelado que espanta os banhistas.

Nem por isso deixa de atrair turistas; eu vim inaugurar minha Kombi aqui. Eu moro há mil e quatrocentos quilômetros de distância, e, não, eu não viajei tudo isso só para estar aqui na primeira viagem. Meu filho mora em Rio Grande e a Kombi foi adquirida aqui, então inaugura-la neste lugar maravilhoso é quase o óbvio. Poderia ter ido para a Praia da Capillha que fica na Lagoa Mirim, outro lugar bacana, pretendo ir lá também, mas estar na Praia do Cassino é uma marca que eu quero. Daqui a pouco, à noite, tem uma feira de artesanato na avenida principal e vale à pena ver.

Além da praia em si e da feira central, vale visitar os Molhes da Barra do Rio Grande, uma bela estrutura de pedras feita para amenizar a força da água e permitir que os navios trafeguem com mais tranquilidade por esse ‘canal’ formado pela barreira de pedras. Um carrinho movido pelo vento, chamado de vagoneta, transporta os turistas por um trecho de 4 quilômetros até onde tem trilhos de trem, depois é só se equilibrar sobre enormes pedras até chegar no farol e tirar uma foto da vitória.

O navio Altair, afundado por um ciclone desde 1976 é outra atração imperdível; andando pela praia se chega ao que resta da embarcação que saiu da Argentina com destino a Natal e não resistiu aos ventos fortes daquele ano.

A praia do Cassino é o balneário mais antigo do Brasil, fundado em 1890, era destino dos endinheirados que se hospedavam no luxuoso Hotel Atlântico. Hoje é um destino democrático, acessível até para quem anda de Kombi home. Ainda bem!

NA ESTRADA – DE KOMBI

  Estou viajando de Kombi, viajando na vida, à procura de um ser estranho chamado: Mim...