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quarta-feira, 30 de julho de 2025

E EU NEM QUERIA FALAR SOBRE ISSO

 



Aliás, eu nem queria falar sobre muitas coisas porque tem coisas tão absurdas que nem vale a pena falar sobre. Mas, tem coisas que não há como fazer de conta que não foi nada. Há uma semana que não assisto noticiários da televisão e já estou sentindo falta, sinto falta de ver os caras de moto roubando celular e dando tiros nos outros em plena via pública. É bem emocionante ver a coragem dos bandidos. Eu tinha me acostumado tanto a ver esse tipo de notícia em destaque que desleixava completamente quando se falava em distribuição de renda e cuidado com os mais pobres.

Não quero mais falar sobre roubos de celulares, esses caras já viraram heróis de muitos noticiários, assim como os tiroteios nas favelas do Rio de Janeiro. Tudo bem, a Bahia também parece ter virado um território sem lei, assim como São Paulo e alguns outros lugares ‘desenvolvidos’. É legal perceber que as milícias e os grupos criminosos organizados são fortes onde o capitalismo é forte. Eles lutam legitimamente pela concentração de poder e riqueza, igualzinho os capitalistas. Os criminosos se apropriam dos bens que não adquiriram, os capitalistas se apropriam dos lucros que não produziram, alguma diferença? O capitalismo é tão desonesto quanto os grupos criminosos, mas a imprensa parece que só torna os criminosos em heróis, os capitalistas financiam os meios de comunicação.

 Eu não quero mais falar do capitalismo porque parece que tudo o que eu tinha que falar eu já falei enquanto militava nos partidos comunista e socialista, mas tem coisas que não dá para não falar. O capitalismo apregoou aos quatro ventos que a globalização seria a glória da humanidade. Com a globalização todos os países teriam acesso aos mercados globais em iguais condições de comércio. Bem, é verdade, pelo menos teoricamente, não fosse um pequeno detalhe já descrito no parágrafo anterior, o capitalista é tão confiável quanto um miliciano ou uma liderança do PCC.

Só para deixar bem claro que quando eu digo ‘capitalista’, eu não estou me referindo ao pequeno empreendedor que luta dia a dia para fazer uma acumulação primitiva de capital, nem mesmo do médio empreendedor, esse lucram movimentando o mercado real, os capitalistas reais lucram da desgraça do povo e movimentam o mercado financeiro e se apropriam de uma fatia bem generosa do dinheiro público. Ah, eles também se juntam em grupos políticos que no Brasil conhecemos por Centrão e ali controlam o poder executivo inviabilizando propostas que eventualmente favoreçam as pessoas mais pobres.

Eu não queria mais falar sobre isso, mas o Centrão anda bem contaminado pela extrema direita que eternamente se associa ao que há de pior na política. Desde Francisco Franco na Espanha, Mussolini na Itália, Hitler na Alemanha e Bolsonaro no Brasil até Trump nos Estados Unidos. São eles que defendem o liberalismo econômico, a globalização e o fim do direito dos trabalhadores.

Eu não queria mais falar sobre isso! Mas esses conceitos de liberalismo e globalização só valem para enganar os outros, que o diga o atual presidente dos Estados Unidos!

Verdade, eu não queria mais falar sobre isso.

quarta-feira, 23 de julho de 2025

O QUE PABLO NERUDA DIRIA SE ESTIVESSE AQUI?

 




Há poucos dias eu assisti, de novo, o belíssimo filme O Carteiro e o Poeta, história ficcional que narra a amizade entre o poeta chileno Pablo Neruda e o carteiro Mario Jimenez durante um eventual exílio do poeta em uma vila de pescadores da Itália. A vida romântica no exílio, a amizade com o carteiro semianalfabeto, a admiração do povo e o ambiente litorâneo são um prato cheio para quem gosta de poesia.

Eu gosto do Neruda, da sua poesia, seu compromisso social e até do Stalinismo e do espanto com as denúncias do XX Congresso do PCUS.  É um desses caras fáceis de se gostar, você o encontra por inteiro em Confesso que Vivi, rejuvenesce em Rio Invisível, viaja com o poeta em sua Antologia Poética e desvenda toda sua vida e obra na tese de doutorado da estudante de letras Vera Lígia Mojaes Migliano Gonzaga, pela UNESP (https://repositorio.unesp.br/server/api/core/bitstreams/ecee3236-2417-4394-820c-cc1ac2cc775b/content).

Quando vi o filme pela primeira vez, em 1994, eu ainda estudava matemática na UFMS e tinha lançado minhas primeiras dez páginas de poesia em um livro com outros autores locais, também já tinha pago alguns alugueres com meu jornalzinho Poesia Verde, de 1988 e conquistado pelo menos um coração fazendo poesia na rua durante o trote cultural com os calouros daquele ano. Agora vejo outra vez o filme, já aposentado e viajando de férias em Imbituba, Santa Catarina, junto da bela Cléo que só me chama de Poeta!

Sentado na varanda do primeiro andar do nosso airbnb, tomando meu chimarrão e olhando a paisagem ao redor me perguntei inocentemente: O que diria Pablo Neruda se estivesse aqui? Antes de dizer qualquer coisa que fosse, ele apreciaria o lago que enchia nossos olhos por sobre a copa das árvores. Pelo outro lado da varanda, ainda o lago e depois um vilarejo e mais adiante o mar. Se ele aceitasse uma cuia do chimarrão, do meio da prosa descobriria meus tempos de luta social, de militância comunista, as milhares de publicações em jornais e panfletos, talvez até se interessasse por uma poesia do livro de 1993: Mais Uma Casa Que Nasce. Se o Neruda estivesse em nossa casa, tomando chimarrão nesse dia, um dia depois de assistirmos O Carteiro e o Poeta, certamente se riria ao me ver ligar uma música na caixinha JBL e tirar a Cléo para dançar. Então se levantaria e, olhando a paisagem, usaria de tantas metáforas quanto fossem necessárias e, com os olhos verdes das copas das árvores, cheios das águas dos lagos e encantados com as ondas do mar, faria uma linda poesia para sua Matilde.

Neruda nos deixou em 1973, poucos meses depois que os Estados Unidos patrocinaram um golpe militar que assassinou o presidente do Chile, Salvador Allende, e instaurou naquele país uma ditadura militar comandada pelo famigerado General Augusto Pinochet. A truculência dos militares não foi capaz de matar a poesia desse comunista. Ainda que, em nossa viagem, o Neruda tenha sido só uma miragem, viajar para Imbituba e rever esse filme foi um belo poema!

sábado, 12 de julho de 2025

GAZETEANDO

 


Desde o ano passado que estou estudando espanhol no curso oferecido pela UNAMI-Universidade da Melhor Idade, um curso de extensão da UEMS-Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, mesma instituição onde tirei um dez no processo seletivo do curso de especialização em educação matemática e depois desisti no meio para me arrepender eternamente. Mas agora estou decidido a não desistir, a não ser que seja por uma boa causa, e é por uma dessas ‘boas causas’ que estou gazeteando, ou gazeando, como queira, as aulas deste finalzinho de semestre.


Já estou com saudades dos colegas de classe, esse povo divertido que demora uns quinze minutos para se aquietar para que a professora, Santa Vânia de Dourados, possa iniciar as aulas, e ainda assim tem uns que tem aquela fofoca urgente e a aula ainda demora mais uns minutos para começar. Daí, quando a aula embala, já é hora do lanche. Hummm! tem bolo, bolacha, salgados, suco de alguma coisa e café. Quando é a minha vez de levar o lanche, daí tem pudim!!

Eu amo as aulas de espanhol! Até no dia que a professora disse que não ia ter aula por causa do frio, eu fui. Fui porque eu queria ir, lógico, mas também porque não vi o aviso no grupo do watts. O grupo do watts é para os avisos importantes sobre o curso, mas todos os dias tem umas mil publicações de bom dia e boa noite! E aquelas mensagens motivadoras que todos precisamos ver para tornar a vida mais agradável. Isso quando lemos as mensagens, claro! Mas tem também os vídeos do paraguaio Wil cantando em espanhol e até em português, que é para ele provar que já aprendeu a nossa língua. Eu ainda não me arrisco a provar que já aprendi espanhol por dois motivos: Porque não aprendi, mesmo, o suficiente para postar um vídeo e porque não sei cantar, nem em português, menos ainda em espanhol!

 


Agora estou em Imbituba, gazeteando a aula desta semana e lembrando da Márcia, enquanto o Will canta, e ele canta em TODAS as aulas, e a Márcia filma todas as músicas que ele canta e dá para ver que os olhos dela ficam mais brilhosos enquanto ele canta e quando ele olha para ela, cantando, tem uma ligação inexplicável do amor entre eles. Na última aula eu perguntei para o Will como foi que eles se conheceram e ele me disse que foi pela internet, ele ainda morava em Asunción, no Paraguai, tipo uns seiscentos quilômetros de distância. Dois anos depois ele estava cantando e nós todos estávamos aplaudindo, mas ele cantava era só para a Márcia dele.


Como eu ia dizendo, agora eu estou em Imbituba gazeteando a aula de espanhol e não vi o Will cantando para a Márcia, mas tem uma coisa especial que justifica, e ela se parece com a história do Will. Há pouco mais de dois anos eu conheci, acredite, pela internet, a minha Márcia, que se chama Cléo, e vim para Imbituba cantar para ela e ela filma com os olhos cada música que eu canto e quando eu a vejo me filmando os olhos brilham. Será o amor? Certamente que o Will canta em espanhol melhor que eu, mas tem um quê de não sei o que que nos iguala, mesmo que a distância que eu tenha que percorrer seja maior que seiscentos quilômetros.



Imbituba é só um pretexto, nos últimos dois anos já andamos por muitos lugares maravilhosos e descobrimos que não são os lugares, mas nós mesmo é que somos capazes de fazer cada lugar ser especial. Agora estamos em Imbituba. Eu amo aulas de espanhol! Em agosto estarei de volta para a UNAMI, já com saudades. Das aulas de espanhol?

quarta-feira, 2 de julho de 2025

POVO ELEITO

 



Olá, boa noite! Sim, neste momento em que escrevo estas mal traçadas linhas é noite, e do dia dois de julho e está frio aqui na cidade de Dourados. O frio é bom porque me faz pensar em como é bom ter uma usina de energia solar no telhado da casa e com a energia produzida poder ligar o condicionador de ar para esquentar e ficar de boa aqui escrevendo qualquer coisa no teclado do computador. Foi necessário que o frio viesse para eu perceber como é bom o calor, desse jeitinho, na temperatura que eu quiser que ela esteja.

Ah, sim, o título diz que eu deveria escrever sobre Povo Eleito e eu estou aqui pensando no meu conforto, em meio a uma dificuldade com o frio. Tudo bem, falemos de eleição, e esse é um assunto bem amplo, tem povo eleito pra tudo quanto é lado. Eu mesmo já fui eleito muitas vezes, Centro Acadêmico, Diretório Estudantil, Associação de moradores, Sindicato dos bancários, CUT, CNB, Partido Político, Produtores Rurais da Agricultura Familiar, etc. Nunca ninguém pagou salário para eu cumprir meus mandatos! Às vezes povo eleito não significa privilégios, mas trabalho, muito trabalho.

Mas, tem um povo eleito que gosta mesmo é de privilégios, e dos grandes. E só foram eleitos graças à Democracia, mesmo assim tens alguns deles que odeiam a Democracia, mesmo sendo eleitos graças a ela! E até que faz sentido ela ser odiada, ela merece. A Democracia é uma prostituta, ela sorri para todos, mas se entrega de corpo e alma aos endinheirados! A Democracia ama o poder e o dinheiro! Ela é a intercessora entre seus eleitos e Mamom. A arena política esta cheia de prostitutas cultuais adoradoras do deus Mamom. Mas, fique tranquilo, não vamos dar toda a culpa à Democracia, genuinamente ela é quase uma santa, o problema á o povo eleito, eles transformaram a Democracia, que era perfeita, em algo esdrúxulo, tal qual os próprios.

Então, por que alguns eleitos odeiam a Democracia? Simples, porque, mesmo sendo eleitos pela Democracia e adorando ao deus Mamom, esses eleitos adoram a Baal e a Moloque. Baal é o deus da tempestade, e esses eleitos adoram uma tempestade no campo político, mas Baal também é o deus da fertilidade e da agricultura. Nada mais a dizer! Quanto à Moloque, esse é o deus ao qual se sacrificam as crianças, os inocentes. Num sentido político mais amplo, os mais pobres, dos quais se deve tirar todos os direitos. Os adoradores de Moloque são os que festejam a matança que Israel está fazendo na Palestina, onde já assassinou mais de 50 mil pessoas, a maioria mulheres e crianças.

Às vezes os eleitos pela Democracia, também se consideram eleitos por Deus e, contraditoriamente, dizem que os eleitos pela divindade são somente os Judeus. E aí vale tudo, até defender o assassinato de mais de cinquenta mil inocentes! Mas, sim, os Hebreus eram o povo eleito de Deus e os Judeus são descendentes dos Hebreus, no entanto, porém, contudo, o povo Judeu se deserdou quando não reconheceu a Jesus como Filho de Deus, e teve seu mandato cassado. Desde o surgimento do cristianismo, o Judeu não é mais um povo eleito!

A eleição alcançou os Ímpios e a Democracia genuína permite aos pobres o acesso ao poder, e é por essa Democracia que eu lutei em cada mandato que cumpri.

SE EU PUDESSE ESCOLHER, EU QUERIA SER....

  Eu sempre quis muitas coisas. Quando era criança eu queria mesmo era ser grande; quando cresci, desejei fortemente voltar no tempo para ...