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quarta-feira, 25 de junho de 2025

REVISÃO DA VIDA INTEIRA

 



Mesmo com a decisão do Supremo Tribunal Federal-STF, de 2.024 de não reconhecer o direito dos trabalhadores à Revisão da Vida Toda para benefícios de aposentadoria, eu decidi por conta própria, fazer minha revisão da vida inteira agora em 2.025 e estou determinado a acrescentar à minha vida os benefícios que calculo sejam maiores que aqueles que eu adquiri em todo o tempo de vida, e vou incluir na revisão o tempo em que não contribui diretamente ao INSS.

Não é fácil rever os arquivos do passado, muitas das contribuições, talvez a maioria, foi de baixíssima qualidade e pouco valor. Houve um tempo, muito longo, em que eu não tinha nenhum valor aparente e, não tendo valor, a vida passou sem nenhuma contribuição que tivesse algum proveito, pelo contrário, grande parte da minha primeira existência foi, digamos, improdutiva. Pensei imediatamente em deixar de lado esse período, mas logo percebi que os demais períodos eram consequência do anterior e fiquei temeroso de o Juiz pedir a inclusão de todos os períodos de vida para serem avaliados, então passei a analisar os próximos para ver se isso pode impactar na vida atual.

Acho que os biólogos não concordam em que haja primeira, segunda, terceira existência, mas a minha vida foi tão claramente fracionada que até essa categoria profissional há de concordar que, pelo menos no meu caso específico, essa classificação seja admissível. E, admitindo que a primeira existência foi completamente inútil, concentrei esforços de memória nos arquivos da vida para definir duas coisas: primeiro, o tempo da segunda existência, esforço completamente desperdiçado, porque o que estava claro para a primeira, estava, digamos, escuro na segunda. Outra coisa importante: se a segunda existência teve valores significativos para a vida toda. Outra perda de tempo!

Juízes de primeira instância hão de reconhecer, e os demais togados de outras instâncias superiores não irão contestar, que só o fato de eu ter ido às escolas já é um mérito a ser reconhecido. Ainda que os resultados tenham sido medíocres, o fato de eu ter sobrevivido à primeira existência e me esforçado na segunda já merece um acréscimo ao valor atual da vida.

Se bem fundamentadas as argumentações sobre os danos recebidos nas primeiras existências e, tendo claro que o meio influencia o indivíduo, o que é comprovado cientificamente, há que se considerar que o meio é de responsabilidade do estado que deve proteger o indivíduo e garantir o bem-estar de todos. Desse modo, é forçoso inferir que a terceira existência foi prejudicada por omissão do poder público que privilegiou políticas sociais de valorização do capital em detrimento dos seres humanos, permitindo que os capitalistas estabelecessem critérios de valorização das pessoas produtivas por méritos de valores econômicos em detrimento das questões sociais e humanas, o que certamente ocasionou a exclusão de pessoas como eu, que sofreram danos por deficiência dos órgãos de estado.

Depois de me convencer de que o estado é o grande culpado pela minha atual condição de aposentadoria, passei a dedicar horas preparando a petição inicial do processo de revisão da vida toda. Mas, na busca por provas que condenassem o estado acabei por me deparar comigo mesmo num processo doloroso de crescimento e, observando as decisões que tomei ao longo da vida, percebi que grande parte delas, talvez a maioria, foram decisões equivocadas e que comprometeram consideravelmente o meu futuro. No caso, o futuro é o tempo atual.

Foram tantas as decisões equivocadas, que me senti culpado antes mesmo de iniciar a petição. Um dilema se apossou de mim: As decisões que tomei influenciaram o meio onde me desenvolvi, ou foi o meio onde me desenvolvi que me fizeram tomar as decisões que tomei? O meu copo de cerveja está pelo meio, eu não sei dizer se está meio cheio ou meio vazio! Talvez seja mais fácil culpar o mundo e o sistema capitalista, mas daí entro em outro dilema: Eu só terei paz se perdoar e eu sei que jamais serei capaz de perdoar quem promove a miséria social por onde fiz um grande estágio na minha vida.

Revendo minha vida toda, encontrei coisas muito ruins, para as quais eu mesmo me instituí Juiz e as condenei ao mar do esquecimento eterno. Mas também encontrei muitas coisas boas e julguei por bem usufruir de tudo que a vida me disponibilizou. O estado e os capitalistas? Que queimem no fogo que nunca se apaga!

Estou acrescentando valor à minha aposentadoria, e não é valor monetário!

Feliz dia do aposentado!!!

- Hã! Foi em janeiro? Tudo bem, feliz dia mesmo assim!

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