Mesmo com a decisão do Supremo
Tribunal Federal-STF, de 2.024 de não reconhecer o direito dos trabalhadores à
Revisão da Vida Toda para benefícios de aposentadoria, eu decidi por conta
própria, fazer minha revisão da vida inteira agora em 2.025 e estou determinado
a acrescentar à minha vida os benefícios que calculo sejam maiores que aqueles
que eu adquiri em todo o tempo de vida, e vou incluir na revisão o tempo em que
não contribui diretamente ao INSS.
Não é fácil rever os arquivos do
passado, muitas das contribuições, talvez a maioria, foi de baixíssima
qualidade e pouco valor. Houve um tempo, muito longo, em que eu não tinha nenhum valor aparente e,
não tendo valor, a vida passou sem nenhuma contribuição que tivesse algum
proveito, pelo contrário, grande parte da minha primeira existência foi,
digamos, improdutiva. Pensei imediatamente em deixar de lado esse período, mas
logo percebi que os demais períodos eram consequência do anterior e fiquei
temeroso de o Juiz pedir a inclusão de
todos os períodos de vida para serem avaliados, então passei a analisar os
próximos para ver se isso pode impactar na vida atual.
Acho que os biólogos não concordam em
que haja primeira, segunda, terceira existência, mas a minha vida foi tão
claramente fracionada que até essa categoria profissional há de concordar que,
pelo menos no meu caso específico, essa classificação seja admissível. E, admitindo
que a primeira existência foi completamente inútil, concentrei esforços de
memória nos arquivos da vida para definir duas coisas: primeiro, o tempo da
segunda existência, esforço completamente desperdiçado, porque o que estava
claro para a primeira, estava, digamos, escuro na segunda. Outra coisa
importante: se a segunda existência teve valores significativos para a vida
toda. Outra perda de tempo!
Juízes de
primeira instância hão de reconhecer, e os demais togados de outras instâncias
superiores não irão contestar, que só o fato de eu ter ido às escolas já é um
mérito a ser reconhecido. Ainda que os resultados tenham sido medíocres, o fato
de eu ter sobrevivido à primeira existência e me esforçado na segunda já merece
um acréscimo ao valor atual da vida.
Se bem fundamentadas as argumentações
sobre os danos recebidos nas primeiras existências e, tendo claro que o meio
influencia o indivíduo, o que é comprovado cientificamente, há que se
considerar que o meio é de responsabilidade do estado que deve proteger o
indivíduo e garantir o bem-estar de todos. Desse modo, é forçoso inferir que a
terceira existência foi prejudicada por omissão do poder público que
privilegiou políticas sociais de valorização do capital em detrimento dos seres
humanos, permitindo que os capitalistas estabelecessem critérios de valorização
das pessoas produtivas por méritos de valores econômicos em detrimento das
questões sociais e humanas, o que certamente ocasionou a exclusão de pessoas
como eu, que sofreram danos por
deficiência dos órgãos de estado.
Depois de me convencer de que o
estado é o grande culpado pela minha
atual condição de aposentadoria, passei a dedicar horas preparando a petição
inicial do processo de revisão da vida toda. Mas, na busca por provas que
condenassem o estado acabei por me deparar comigo mesmo num processo doloroso
de crescimento e, observando as decisões que tomei ao longo da vida, percebi
que grande parte delas, talvez a maioria, foram decisões equivocadas e que
comprometeram consideravelmente o meu futuro. No caso, o futuro é o tempo atual.
Foram tantas as decisões equivocadas,
que me senti culpado antes mesmo de iniciar a petição. Um dilema se apossou de
mim: As decisões que tomei influenciaram o meio onde me desenvolvi, ou foi o
meio onde me desenvolvi que me fizeram tomar as decisões que tomei? O meu copo
de cerveja está pelo meio, eu não sei dizer se está meio cheio ou meio vazio! Talvez
seja mais fácil culpar o mundo e o sistema capitalista, mas daí entro em outro dilema:
Eu só terei paz se perdoar e eu sei que jamais serei capaz de perdoar quem
promove a miséria social por onde fiz um grande estágio na minha vida.
Revendo minha vida toda, encontrei
coisas muito ruins, para as quais eu mesmo me instituí Juiz e as condenei ao mar do esquecimento eterno. Mas também
encontrei muitas coisas boas e julguei por bem usufruir de tudo que a vida me
disponibilizou. O estado e os capitalistas? Que queimem no fogo que nunca se
apaga!
Estou acrescentando valor à minha
aposentadoria, e não é valor monetário!
Feliz dia do aposentado!!!
- Hã! Foi em janeiro? Tudo bem, feliz
dia mesmo assim!
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