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quinta-feira, 27 de julho de 2023

DE FÉRIAS NO HOSPITAL

 



Eu gosto de umas férias, quem não gosta? Trabalhei, de Carteira Assinada por trinta e cinco anos e cada ano me dava direito a umas férias, e cada férias era planejada e ansiosamente esperada durante cada ano inteiro que a precedia, trezentos e trinta e cinco dias de ansiedade para trinta dias de férias e, quando chegava a hora de “curtir”, vendia dez dias das férias para ter dinheiro para gastar nos restantes vinte dias. Assim, durante trinta e cinco anos de ansiedade, a Carteira Assinada me prometia férias permanentes, uma tal de aposentadoria.

Aposentadoria é férias que a gente tem direito por ter trabalhado de Carteira Assinada, mas quando a gente aposenta começa a trabalhar em casa fazendo horta, plantando frutíferas, limpando o quintal, ... Daí separa da mulher e aprende cozinhar, lavar roupa, limpar a casa, ... e economizar dinheiro que salário de aposentado é menor e quando resolve tirar férias não tem ninguém a quem vender dez dias para custear os outros vinte das férias.

Depois de economizar um tempão fiz planos de tirar férias e fui para a praia no inverno que daí tudo é mais barato! Durante dez dias, aqueles que eu iria vender se o INSS, que agora é o meu patrão, resolvesse comprar, fiquei me divertindo em Mariscal e Bombinhas. Foram dias maravilhosos e quando cheguei de volta, no último sábado, lembrei que tinha consulta marcada para segunda-feira, no Hospital do Pênfigo.

Estou no Hospital do Pênfigo porque tenho pênfigo. Tá, esta é uma frase que faz sentido neste texto! Pênfigo é uma doença autoimune que destrói a pele provocando feridas “em carne viva”. Essas feridas dão uma sensação de estarem permanentemente queimando, por isso essa doença é, também, conhecida por Fogo Selvagem. Em dezembro, quando o bolsonarismo botava fogo na eleição do Lula, o Fogo Selvagem queimava meu corpo do topo da cabeça até a cintura e eu queimava de agonia porque tinha planejado uma bela viagem de férias para o Sul do Brasil.

Se você leu até aqui, já sabe que não viajei em janeiro, fiquei em casa tomando corticoide que é o único remédio plausível contra o Pênfigo. Mas, corticoide é quase tão ruim quanto o Fogo Selvagem, retém gordura pelo corpo, atrapalha o sono, tira a concentração, causa tremedeira nas mãos, cãibras, cansaço, aumenta o açúcar no sangue, colesterol, triglicerídeos, glaucoma. Tem hora que eu fico em dúvida de qual dos dois é pior!

Na Páscoa viajei tomando corticoide, em julho viajei com o Pênfigo. Hoje vim consultar com o Doutor Gerson e ele determinou que eu tivesse dois dias de férias num apartamento do Hospital, tudo pago pelo SUS. É bem divertido aqui! Logo na chegada um bando de moças muito simpáticas recebem os visitantes com treinamento de hotel cinco estrelas, a consulta é quase um passeio com guia turístico, o médico sabe tudo e dá as informações adequadas. Depois de ver minhas feridas, o Doutor resolveu que uma delas deveria ser removida para ser analisada em laboratório, e o fez às três e meia da tarde devidamente assistido pela competente instrumentadora Sônia.

De volta ao meu apartamento, veio a Maju, a Valdenice e a Simone, da equipe de enfermagem para assegurar que nenhum mal me atrapalhe nesses dias. A Rosana garante que tudo está limpo e higienizado, e está mesmo! No turno da noite uma nova equipe assumiu o plantão e na enfermagem ficaram a Zenilda, a Lélia, a Maria e a Roseli, elas não dormem para eu poder dormir tranquilo que nem um remédio faltará na hora certa e mesmo que eu não goste, elas furam a ponta do meu dedo para tirar sangue e verificar o nível de açúcar.

O Pênfigo é uma desgraça, o corticoide é outra, mas o atendimento no Hospital do Pênfigo é de excelência. Não é sempre, mas às vezes a gente vê o cristianismo na prática!

Escrever este texto foi a melhor coisa que fiz neste primeiro dia!

sábado, 22 de julho de 2023

NÃO SEI PORQUE NO SÁBADO

O sábado é decididamente o sétimo dia da semana, às vezes o sexto dependendo de como se conta o primeiro dia se o domingo ou a segunda-feira. Também tem hora diferente para começar, oficialmente à meia noite, mas biblicamente quando o sol se põe, mais ou menos às seis da tarde dependendo da estação do ano. É tudo assim, meio confuso, como as minhas ideias no dia de sábado que a essas horas, quase onze da noite já nem sei direito se ainda é sábado ou já é domingo. E olha lá que onze da noite onde estou já é meia noite na maior parte do Brasil!

Sábado passado eu nem sabia que era sábado. Estava na praia e não queria que o tempo passasse, então decidi que ainda seria quinta-feira e quando fui dormir já era domingo e eu só queria que a semana começasse na segunda porque assim ganharia mais um dia até a quinta-feira, quando terminaria o passeio e eu teria que voltar para a vida mundana. E agora já é sábado de novo e eu estou tomando uma cerveja e o passeio terminou e eu estou com saudades, não exatamente do passeio, mas de quem estava passeando comigo. Ainda que tudo estivesse acabado, inclusive o sábado, mas se ela estivesse aqui eu não me importaria porque eu pensaria que ainda seria quinta-feira e nós faríamos planos de subir o morro dos macacos amanhã e de lá veríamos um mundo mais bonito e tomaríamos uma cerveja e ela fumaria um palheiro e a paisagem nos permitiria o amor acima de todas as construções ao pé do morro.

No sábado eu tenho essa mania de pensar que o mundo se acaba como a semana. Talvez eu devesse aceitar que a semana termina domingo, então eu teria mais um dia.

Não sei porque no sábado eu fico pensando coisas assim...

CHIFRE EM CABEÇA DE CAVALO. EXISTE? EXISTE!

  Já botei no título o que poderia ser uma mentira, a ciência diz que cavalos não tem chifre, nem as éguas, mas na fazenda do Romero, que ...