Devo
me apressar pois o sábado já se vai e eu nem cumpri os propósitos a que se
destinou fazer neste dia especial da semana em que se deve pelo menos por um
instante pensar em arrumar-se para uma saída com alguém especial que certamente
já está arrumando-se, porque hoje é sábado. Não que outro dia não se possa sair
com alguém especial, mas não sendo sábado não conta.
Corro
a tomar um banho e escolher aquela roupa de passeio de sábado, faço a barba e
não esqueço do perfume que ela gosta, afinal ela sempre usa perfume e eu me
delicio num abraço cheiroso que se pode ter só quando é sábado. Os abraços
estão sempre disponíveis, mas o de sábado é de sábado!
Calço
os sapatos e vou a passos firmes até a porta para a saída que só no sábado se
sai. Não é uma saída qualquer, é especial porque este dia foi especialmente
feito para se sair com alguém especial, de um jeito especial para um lugar
especial, afinal, é sábado.
Olho
a rua e o ar é diferente, os carros andam mais devagar no sábado. As pessoas
sabem que nesse dia não se pensa como em outros dias, é o sétimo dia, o dia do descanso
e as mãos descansam umas agarradas às outras porque é sábado.
Nada
como um jantar a dois no dia de sábado! As comidas nem são para alimentar o
corpo, mas a alma e o vinho rega o espírito e lava a alma. As falas são dos
anjos e os sentimentos das ordens celestiais. Ah!, nada com um sábado!
Dez
e meia da noite. Devo me apressar, ainda não sei o que fazer neste sábado. Tudo
preparado e eu ainda não falei com quem quero estar nesta noite. Nem posso
estar porque não posso sair, tem toque de recolher e, convenhamos, quatrocentos
quilômetros é muito para chegar antes da meia noite! Talvez no próximo sábado.
Talvez!
Elairton
Paulo Gehlen