O Papa é um leão, o décimo quarto da história da Igreja Católica e eu estou aqui preocupado com o Ronaldo, o gatinho que sumiu daqui de casa há uns três dias, menos tempo que isso foi necessário para que os Cardeais trancados à chave escolhessem o Leão que os guiará até que a morte os separe. O Ronaldo só comia, bebia e dormia, agora sumiu. Morreu?
Tem coisas, ou pessoas, que somem
porque morrem, como o Papa Francisco, outras simplesmente somem, como o
Ronaldo, mas também tem aquelas que deixam de falar com a gente como se a vida tivesse
pedido um intervalo de tempo para o descanso. Há uma semana que a saudades é uma
reticência em minha vida.
Os Papas são todos POP! Até o Bento
XVI, aquele que comandou uma igreja manchada pela corrupção e pedofilia e não
foi capaz de tomar providências para confissão dos pecados, sim, até Bento XVI
era ovacionado na Praça São Pedro em cada suntuosa aparição dominical. O
Ronaldo, nosso gatinho, não é castrado e de vez em quando some daqui de casa,
certamente para comer umas gatinhas no cio, depois ele volta como se nada tivesse
acontecido, come a ração, toma água e dorme o dia todo com a mesma cara de
santo que uma leva de padres católicos faziam depois de comer os coroinhas. Até
quando a Igreja Católica vai proibir os Padre de se casarem? Pedro, que a
Igreja tem orgulho de apresentar como o primeiro e mais exemplar Papa, era casado.
Enquanto escrevo esta crônica, a saudades, em forma de reticência, grita um silêncio
ensurdecedor no meu WattsApp.
A eleição de um Papa é um show! Parece Copa do Mundo. Transmissão ao vivo, expectativa pelo gol,
quer dizer, pela fumaça da chaminé da Capela Sistina, torcida organizada em várias
partes do mundo, banca de apostas e, claro, o jogo, este sem a presença da
torcida e nem da imprensa. É no Conclave, com chave, em total segredo e com votos
de confidencialidade, que os cardeais, cento e trinta e três juízes, decidem o
resultado do jogo não jogado. É tudo no tapetão! Não tem Superior Tribunal do
Papado para julgar o processo eleitoral, não tem fiscais de urna, não tem imprensa
para denunciar casos de corrupção, as cédulas são todas queimadas, não sobra
nada. A torcida fica sabendo que o jogo acabou quando a fumaça branca sai da
chaminé. Acho que o Ronaldo ainda não sabe quem é o Papa porque ele está sumido
há três dias e eu estou aqui escrevendo esta crônica pensando nas reticências
que a saudades vem deixando desde domingo passado.
À minha frente, na parede, está um
Drummond que comprei na Feria de Literatura de Dourados ano passado. O quadro
foi pintado ao vivo durante a feira, pela artista venezuelana Sthefhanny, e eu
fico aqui me perguntando: O que o Drummond escreveria sobre o sumiço do Ronaldo,
exatamente durante o Conclave que elegeu um Leão para o Papado? E a minha
cabeça só pensa nas reticências que a saudades produz desde domingo passado. Eu
não sei quais são os planos do Leão para a Igreja Católica, só sei que eu tenho
planos para as férias de julho, eu quero ir para Bombinhas, em Santa Catarina,
mas tudo depende das reticências...
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