Nos meus tempos de estudante
universitário (faz tempo, hem!), eu queria escrever uma tese sobre liberdade, e
eu tinha algumas referências bem importantes para isso, uma delas era a
experiência de Summerhill da Inglaterra descrita no livro de A. S. Neill, Liberdade Sem Medo. Outra foi o filme Sociedade dos Poetas Mortos. Eu já era
professor nessa época, e também militante do Partido Comunista Brasileiro,
alguns anos depois me tornei sindicalista, em todos esses ambientes lutávamos
por uma única causa: Justiça Social. Para nós, liberdade viria como
consequência da justiça social e da igualdade de oportunidades para todos.
Na década de noventa eu fiz muitas
palestras onde analisava a conjuntura política e econômica do nosso país, para
isso tinha como referência, além dos dados oficiais da economia e da política,
o estudo dos clássicos de economia. Um deles, talvez o mais importante livro
sobre esse assunto, escrito ainda no século dezoito (1776), foi A Riqueza das Nações, de Adam Smith.
Para Smith, o mercado deveria funcionar sem a intervenção do Estado, pois era
guiado por leis naturais dadas pela livre concorrência que estabilizaria os
preços pelo equilíbrio entre a oferta e a procura dos produtos disponíveis no
mercado. Foi dali que surgiu o termo Liberalismo.
Agora estou aposentado e já quase não
leio mais os clássicos de economia, prefiro literatura e poesia, e troquei a
luta política partidária e sindical por relacionamentos mais fraternos. Não me
importo mais se meus amigos são de direita ou de esquerda, eu os quero como
amigos, aos poucos vamos compreendendo que nem direita e nem esquerda foram
capazes de promover a justiça social e a igualdade de oportunidades pela qual
lutávamos. Pela televisão assistimos, ambos embasbacados, os “liberais”,
liderados pelo presidente dos Estados Unidos, afrontar o liberalismo com a mais
bruta intervenção do Estado na economia que já se viu desde a quebra da Bolsa
Internacional de Mercadorias de Nova York em 1929.
Eu diria que nestes tempos atuais eu
sou livre. Faço escolhas para minha vida como faziam os jovens de Summerhill,
posso ver o mundo como via o professor John Keating (Robin Williams) e seus
alunos quando ficavam em pé sobre as carteiras ou quando recitavam poesias nas
cavernas. “Carpe Diem. Aproveitem o dia
garotos. Façam suas vidas extraordinárias.”
O capitalismo nunca foi o que jura ser!
Talvez Albert Camus estivesse certo!
A existência não tem nenhum sentido. Os Hippies
já nos deram a mais bela lição de vida, mas nós somos mesmo homens de dura cerviz!
Buscamos no capitalismo uma estabilidade
financeira que nunca vem, acreditamos numa meritocracia que dá vantagem aos
ricos e seguimos fielmente a cartilha dos liberais que nos sufocam com
protecionismo quando lhes convêm. E, para finalizar, somos capazes de odiar
aqueles que lutam por nossos direitos enquanto declaramos amor aos que nos
exploram e nos excluem.
Estou assistindo uma série na amazona
intitulada The Chosen (Os
Escolhidos). Faz algum sentido?