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quarta-feira, 23 de abril de 2025

AIRBNB .......

 



Estou de férias, ah, que delícia! Não estou em um resort, mas ando assim, de airb em bnb, matando saudades e construindo sonhos. Viagens eternas que duram o quanto que tem que durar, que eternidade não é a infinitude do tempo, mas o tempo infinito do momento onde se quer estar. E vão-se os passados, cada vez mais distantes, afundando-se nos buracos escuros da alma. Em seu lugar fazemos um novo caminho, cheio de vida e calor, deixamos rastros de felicidades onde sonhos buscam alimentos futuros e o presente se espelha no olhar quase distraído que repousa confortavelmente sobre a beleza do amor.

Choquei filhotes de filhota em São Bento do Sul onde se construiu um ninho acolhedor de patinhos feios, todos muito lindos e queridos. Ah, quisera o Supremo que eu pudesse ficar chocando uma eternidade a mais que a eternidade chocada! Mas era preciso que os sonhos continuassem se alimentando dos rastros deixados no asfalto, então buscamos refúgio na belíssima Curitiba. Quatro dias sedimentando caminhos e regando sonhos de família e Chopp em dobro e terapia do medo. Não tenho mais medo a não ser do medo do medo. Ainda tenho medo de ter medo outra vez de algo que agora não tenho, medo de criar novas cicatrizes na alma. Mas tudo se acalma quando um abraço se enlaça em meus pesadelos e faz o coração derreter saudades.

O tempo e o espaço já não existem, o presente é uma fração infinitesimal tendendo a zero, não há passado, não há futuro, é a eternidade em infinitas frações de bilionésimos de segundos, e o espaço, quem pode explicar que mil quilômetros agora são uma distância absolutamente inexistente? Sim, milagres existem, um abraço anula o tempo e o espaço para se tornar eterno enquanto dure. No nada da existência racional, o sonho ocupa todos os espaços e faz do tempo a eternidade que quiser.

O sonho enche as malas porque amanhã tem alimento em rastros de saudades, mais um bnb. Em Morretes tem uma árvore da vida plantada há exatos dois anos, a primeira de muitas esparramadas pelo Sul do Brasil. Agora vamos colher os frutos, certamente seus galhos se estendem até o Chalé que alugamos para acomodar sentimentos e sonhos. Não vamos levar os medos, não há lugar para eles, nem no bagageiro, nem no banco do passageiro, o medo que espere até que a eternidade o consuma no fogo que não se apaga.

Quatro dias para uma eternidade. Mas, e depois? Depois? Não há nada depois da eternidade! A vida é uma eterna fração infinitesimal.

sábado, 12 de abril de 2025

Eu..................

 



 

Nasci num dia de outubro

Nem sei se era noite ou se era dia

Nasci e já quase morria

Era de dia? estava tudo escuro.

 

Nasci de novo quando mal sabia

Que a vida podia ser de verdade

Naquela tenra e inocente idade

Não tinha lugar, nem tempo, que a vida valia

 

Nasci outra vez quando me escondia

Os grandes me davam muito medo

E os pequenos eram grandes demais

Para conhecer os meus segredos

 

Queria ser gente quando nasci terceira vez

Mas gente tem identidade e eu não tinha

O mundo me via, mas não enxergava

Eu via o mundo, mas nele eu não estava

 

Nascer e renascer parece o destino

Nele a gente sonha que vai ser feliz

Mas a felicidade passa quase por um triz

E o sonho vira um longo e lento desatino!

domingo, 6 de abril de 2025

NÃO ERA LIBERDADE?

 





Nos meus tempos de estudante universitário (faz tempo, hem!), eu queria escrever uma tese sobre liberdade, e eu tinha algumas referências bem importantes para isso, uma delas era a experiência de Summerhill da Inglaterra descrita no livro de A. S. Neill, Liberdade Sem Medo. Outra foi o filme Sociedade dos Poetas Mortos. Eu já era professor nessa época, e também militante do Partido Comunista Brasileiro, alguns anos depois me tornei sindicalista, em todos esses ambientes lutávamos por uma única causa: Justiça Social. Para nós, liberdade viria como consequência da justiça social e da igualdade de oportunidades para todos.

Na década de noventa eu fiz muitas palestras onde analisava a conjuntura política e econômica do nosso país, para isso tinha como referência, além dos dados oficiais da economia e da política, o estudo dos clássicos de economia. Um deles, talvez o mais importante livro sobre esse assunto, escrito ainda no século dezoito (1776), foi A Riqueza das Nações, de Adam Smith. Para Smith, o mercado deveria funcionar sem a intervenção do Estado, pois era guiado por leis naturais dadas pela livre concorrência que estabilizaria os preços pelo equilíbrio entre a oferta e a procura dos produtos disponíveis no mercado. Foi dali que surgiu o termo Liberalismo.

Agora estou aposentado e já quase não leio mais os clássicos de economia, prefiro literatura e poesia, e troquei a luta política partidária e sindical por relacionamentos mais fraternos. Não me importo mais se meus amigos são de direita ou de esquerda, eu os quero como amigos, aos poucos vamos compreendendo que nem direita e nem esquerda foram capazes de promover a justiça social e a igualdade de oportunidades pela qual lutávamos. Pela televisão assistimos, ambos embasbacados, os “liberais”, liderados pelo presidente dos Estados Unidos, afrontar o liberalismo com a mais bruta intervenção do Estado na economia que já se viu desde a quebra da Bolsa Internacional de Mercadorias de Nova York em 1929.

Eu diria que nestes tempos atuais eu sou livre. Faço escolhas para minha vida como faziam os jovens de Summerhill, posso ver o mundo como via o professor John Keating (Robin Williams) e seus alunos quando ficavam em pé sobre as carteiras ou quando recitavam poesias nas cavernas. “Carpe Diem. Aproveitem o dia garotos. Façam suas vidas extraordinárias.”  O capitalismo nunca foi o que jura ser!

Talvez Albert Camus estivesse certo! A existência não tem nenhum sentido. Os Hippies já nos deram a mais bela lição de vida, mas nós somos mesmo homens de dura cerviz!  Buscamos no capitalismo uma estabilidade financeira que nunca vem, acreditamos numa meritocracia que dá vantagem aos ricos e seguimos fielmente a cartilha dos liberais que nos sufocam com protecionismo quando lhes convêm. E, para finalizar, somos capazes de odiar aqueles que lutam por nossos direitos enquanto declaramos amor aos que nos exploram e nos excluem.

Estou assistindo uma série na amazona intitulada The Chosen (Os Escolhidos). Faz algum sentido?

POVO ELEITO

  Olá, boa noite! Sim, neste momento em que escrevo estas mal traçadas linhas é noite, e do dia dois de julho e está frio aqui na cidade d...