Um escrevinhador vive da imaginação.
Não basta ver para escrever, é preciso imaginar, e imaginar fortemente senão a
escrita fica devendo para o leitor mais exigente. Mas tem coisas que não dá
para escrever, senão a história fica real demais e pode ofender algum
personagem mais discreto, conservador ou tímido, talvez alguém que não queira
ser revelado num determinado lugar ou situação. Daí entra em cena a imaginação
de quem escreve. Ver coisas que deveriam existir ou apagar coisas que existem
faz parte da produção de textos. Eu escrevo crônicas, e estas são textos
literários com base em algum fato.
Em janeiro tirei um mês de férias,
fui passear pelo Sul do Brasil, conhecer a maior praia do mundo, Praia do
Cassino, no Rio Grande do Sul, duzentos quilômetros de praia! Conheci, também,
a Ilha do Mel, em Paranaguá, depois passei uns dias em Canasvieiras, em Floripa,
daí São Bento do Sul, Curitiba e finalmente a volta para casa em Dourados. Em
cada lugar desses deu vontade de pegar o computador e escrever um texto. Fiz
isso saindo da Ilha do Mel. Em Floripa o texto teria que ser traduzido para o
espanhol, tamanha a quantidade de gringos
naquele lugar. É quase uma invasão argentina e olha lá que os Hermanos estão
vivendo uma terrível crise econômica! Claro, nem todos, boa parte está ganhando
muito dinheiro com a crise e passeando em Florianópolis.
As praias têm de tudo. Quase! Tem
futebol, peteca, Voleibol, Tênis de praia, baralho, música, dança e até gente
que toma banho de mar! Muita gente curte as férias se divertindo livremente e
comendo frituras, cozidos e doces que se vendem pelas areias. Umas quatro e
meia da tarde de um belo dia de sol passou um vendedor de milho apressado e eu
o chamei para comprar uma espiga, ele parou para me atender dizendo que já ia
para casa pois seu filho estava de aniversário e ele queria voltar mais cedo.
Conversamos um pouco e ele se foi para a festa do filho.
É quase estranho constatar que um
vendedor de milho verde nas areias da praia tenha uma família! Parece que as
famílias estão todas embaixo dos guarda-sol sorrindo uns para os outros. Vendedores
ambulantes são só vendedores ambulantes. Nos quiosques tem vendedores também.
Eles têm mesmo família?
- Milho verde, milho verde!
- Picolé, olha o picolé!
- Queijo coalho, quem quer?
- Água mineral, refrigerante. Vai uma
cervejinha?
- Saída de praia, uma blusinha...
- Batidinha de coco com amarula...
O pôr do sol na praia é maravilhoso!!!