Ter umas vontades até que não e mal! E eu ando tendo umas, de viajar, por exemplo,
escrever uns textos bacanas e até de namorar outra vez depois de uma série de
divórcios e separações das quais nem posso reclamar porque deixaram um rastro
de filhos maravilhosos que certamente vão eternizar cada casamento que foi uma
eternidade enquanto durou.
Vontades são assim, estão na razão,
tem senso de dever, para atende-las precisamos renunciar a muitas outras coisas
e até nos sacrificar para alcançar o objetivo proposto pela vontade de fazer algo. Se tenho vontade
de viajar, e eu tenho, então preciso guardar dinheiro, traçar uma rota,
reservar um lugar para ficar, etc. Se quero escrever um bom texto, então
preciso gastar tempo com boas leituras e se quero namorar então preciso dedicar
tempo de qualidade ao relacionamento.
Por outro lado, tem um parente meio
distante da vontade e me parece bem mais atrativo. É um tal de desejo. Estive
pensando carinhosamente sobre esse tal e até me socorri em uns tais de
filósofos para me assegurar que estava no caminho certo. Veja só o que Kant
(Immanuel Kant) disse: “Desejo é
necessidade instintiva do corpo”.
Não sei muito desse Kant, mas que gostei dessa definição, ah, gostei! Se
é necessidade instintiva, então não é da razão. Entendi que não estou com
vontade de fazer coisa nenhuma, é tudo desejo! Desejo viajar, desejo escrever,
desejo namorar... . Tudo necessidade instintiva do corpo!!! E quem me garante
isso é Spinoza (Baruch Espinoza): “Não é
porque uma coisa e boa que a desejamos, mas porque a desejamos é que ela parece
ser boa”. Tá aí. Perfeito!!! Não desejo mais ter vontades, mas tenho vontade
de ter muitos desejos!