Eu moro em Dourados, uma cidade dividida ao meio por uma
grande avenida que corta a cidade de Leste a Oeste, portanto dividindo a cidade
em duas partes: Norte e Sul.
Historicamente, as pessoas que costumam explorar os
trabalhadores e se apropriar do resultado do seu trabalho, isto é, do lucro
produzido nas empresas, preferem construir condomínios residenciais no lado
Norte da avenida.
Do lado Sul a maioria dos bairros são ocupados por
residências de trabalhadores ou pequenos empresários que em geral são
conhecidos como classe média ou média baixa, às vezes muito baixa mesmo. É
claro que conceito de classe baixa foi dado pelos que se acham classe alta
porque se apropriam do trabalho dos outros.
Pensando na relação entre esses dois grupos foi que eu fiz
uma brincadeira em forma de poesia. Aí vai:
MAIS UMA CASA QUE NASCE
Brota lá dentro da terra escavada,
Plantada com carinho!
Cada semente de tijolo,
Vai crescendo, devagarinho, inté chega no teiado.
Tuda casa brota da terra.
A semente é de tipo diversificado
Quase sempre de tijolo acimentado;
Às veis de um tipo especiar de madeira.
É de alvenaria que se chama
As casas que crescem cada dia
Lá pras bandas do Norte Urbano.
É de madeira lascada
As casa construída e rachada
Cá longe de onde eles fais os plano.
Mas, quem constrói aquelas casas bonita,
Que vira cartão postal da cidade,
Nas fotografia das gente rica.
É nóis aqui da piedade
Que leva vida aflita
E de tudo nóis passa necessidade.
Casa grande eles tem daquele lado do Norte!
Nem dá pra medir, que o fim os óio não alcança.
Nem sei quantas gente mora lá dentro,
Só sei, os mais pouco é criança.
Quase num si vê!
Nóis pensa que às veis
Só na garage dus carro que eles tem,
Nóis teria bem mais conforto
Pra gasaiá os fio que pra nóis Deus monda e vem.
Cada fio de rico que casa,
Tem lugar certo e apreparado.
As planta da construção, no escritório já foi tudo acertado,
Basta plantá os tijolo e tá pronto ou arrumado.
O noivo nem viu a casa nascê e cresce!
Os pobre (nóis) já somo diferente.
Casemo e moremo com os parente
Até que um dia, se Deus ajuda,
Morre um desses vivente.
Aí nóis tem onde morá!
Mas a demora é tanta!
Que inté parece castigo.
Inquanto nóis fica lá de favor,
Os outro, já véio, é quem acaba morando comigo.
Quantas veis já pensei em morre e ressucitá.
Rico fio de latifundiário nem precisa trabaiá.
Mas a verdade do destino é tão confidencial
Que é quase um desatino de tanto pensá.
Us menino lá do Norte da cidade
É tudo saudáver e logo sabe estudar.
Logo cedo eles toma iargurte e leite com fruta
E a mãe leva eles de carro pra passiá.
Pequena diferença qui do Bairro da Piedade;
Us pequeno nem conhece as regras da sociedade
Parece tudo uns animar!
A escola ninguém sabe onde que tá.
Os vizinho daqui é tudo conhecido
Os nome de tudo nóis sabe falá,
E cada veis que uma táuba sobe na parede
Nóis já sabe: Mais uns pobre tá pra chega!
Lá pras banda do outro lado da cidade
Onde os morador tem regalias das autoridades
Nem de se conhece eles quer saber,
Que é pra não interrompê a privacidade particular.
As casas construídas aqui na Piedade
Nóis sabe direitinho de a história contá,
Que cada prego enfiado na táuba da parede,
Foi nóis que enfiou ele lá.
Dos ricos e das casas bonita que tem lá eu nem vou falá
Eles nunca nem viu;
Nem conta eles ouviu
Como se fais pra uma massa de arreboque aprepará.
Acho que é por isso que eles não tem história pra contá.
Estudioso eles é inté demais.
Diz que na escola eles é proibido de faltá.
Mais o que eles não consegue mesmo é nem imaginá que um dia
Lá no Céu, se ele conseguir lá entrá,
As contas da contabilidade nóis vai acertá!