Terceira idade, como se sabe, é aquele tempo que as pessoas aproveitam para curtir o descanso por ter trabalhado muito durante a juventude e a idade adulta, a tal da segunda idade. A primeira idade, lógico é a infância onde não se trabalha. Antes de prosseguir, também lógico, devo constatar que não é a maioria dos que estão na terceira idade os que usufruem do descanso laboral, também não são todos que trabalham na juventude e idade adulta, já que grande parte são adeptos da teoria nem, nem, nem: Nem trabalha, Nem estuda, Nem ajuda em casa. Ainda tem uma galerinha que trabalha uma barbaridade na infância!
Em meio a todas essas exceções, sou um dos felizardos idosos
que, de alguma maneira, pode usufruir da aposentadoria, mas em vez de descansar
anda fazendo coisas que deveria ter feito na juventude e até na infância e não
fez. De certa maneira, crianças deveriam brincar com crianças, jovens gastar
suas energias com esportes mais radicais, tipo andar de skate, adultos trabalhar
para se sustentar e idosos viver da aposentadoria num ritmo mais lento até que
a morte o separe.
Cada um que responda por si, eu, de minha parte, acho que idosos
devem usufruir de todos os direitos pelos quais lutaram durante todos os anos
de vida. Não tenho nenhuma dificuldade de estacionar naqueles locais reservados
para idosos, assim também sou um frequentador assíduo das filas preferenciais
e, se algum comércio resolver dar desconto especial para a melhor idade, lá vai
a identidade junto com o dinheiro no caixa.
De vez em quando faço alguma coisa que para mim é normal, mas
que parece meio fora da caixinha. Normal para mim! Tenho uma slackline, que vez
ou outra amarro entre duas árvores para “andar na corda bamba”. A internet tem
umas loucuras que os jovens amam... deixa prá lá. Tenho uma Bike que gosto de
pedalar feito alguém que ainda não tem direito ao estacionamento preferencial,
e um skate...
Para o skate tenho que dar um parágrafo especial nesta crônica.
Há uns seis ou oito anos atrás, meu filho adolescente me ensinou ‘pedalar’ no
skate e nos patins. Isso foi lá no sítio, longe de qualquer plateia. Aprendi. E
gostei! Pela internet comprei um Skate
mini-longe, e fui treinar nas varandas de casa, depois nos parques e até
nas ruas. Agora, oito anos depois, já me arrisco andar em praças públicas sem
correr risco de dar vexame. Ontem encontrei uma galerinha, dessas que ainda
estão na idade de brincar com outras crianças, e eles se empolgaram com meu
skate. Enquanto uns empurravam os outros fui fazer umas barras, que me lembram
os tempos de Colégio Agrícola, quando erguia o corpo para depois girar por cima
da barra.
Um dos meninos que ali estava, talvez uns onze ou doze anos, me
olhou espantado e sorridente, não se conteve e disse: Nunca mais vou subestimar a terceira idade! E pediu para ensina-lo
como se faz.